Um novo medicamento injetável desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly para o tratamento de obesidade e sobrepeso se mostrou capaz de reduzir o peso corporal médio dos participantes de um estudo clínico em até 17,5% (18,7 kg) em seis meses. Ao longo de 11 meses, a redução média do peso foi de até 24,2% (26,2 kg).
Os resultados da fase 2 de testes foram publicados nesta semana no The New England Journal of Medicine, um dos periódicos científicos mais respeitados do mundo.
“Considerando que os participantes ainda não haviam atingido um platô de peso na época em que o estudo terminou, parece que a eficácia total da redução de peso ainda não foi alcançada. Ensaios de fase 3, de duração mais longa, permitirão uma avaliação abrangente da eficácia e tolerabilidade deste potencial farmacoterapêutico para o tratamento da obesidade”, comentou, em comunicado divulgado pela Eli Lilly, a professora Ania Jastreboff, da Escola de Medicina de Yale.
A fase 2 do estudo foi feita com 338 participantes que foram divididos em grupos com diferentes esquemas de dose de retatrutida e outros que receberam placebo.
As injeções por via subcutânea foram aplicadas uma vez por semana, durante 48 semanas.
As doses estudadas foram de 1 mg, 4 mg, 8 mg e 12 mg. Foi com 12 mg que os pacientes conseguiram a redução de peso mais significativa, de 24,2%.
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A retatrutida é uma molécula nova que foi desenvolvida em laboratório e que tem a capacidade de ativar receptores no nosso corpo para três hormônios: o glucagon, o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon).
O glucagon é um hormônio produzido pelo pâncreas. Sua função principal é aumentar os níveis de glicose (açúcar) no sangue. Ele estimula o fígado a liberar glicose armazenada, aumentando assim os níveis de açúcar no sangue. O glucagon desempenha um papel importante na regulação dos níveis de glicose durante períodos de jejum ou quando os níveis de açúcar estão baixos.
O GIP é um hormônio produzido pelas células do intestino delgado em resposta à ingestão de alimentos, especialmente carboidratos. Sua principal função é estimular a liberação de insulina pelo pâncreas. A insulina ajuda a regular os níveis de glicose no sangue, facilitando a entrada de glicose nas células para ser utilizada como fonte de energia.
O GLP-1 também é produzido pelo intestino delgado. Ele tem várias funções importantes relacionadas à regulação dos níveis de açúcar no sangue. O GLP-1 estimula a liberação de insulina, inibe a liberação de glucagon e retarda o esvaziamento gástrico, o que ajuda a controlar os níveis de glicose após as refeições. Além disso, o GLP-1 desempenha um papel na supressão do apetite, promovendo uma sensação de saciedade.
No contexto do tratamento da obesidade, a ativação desses três hormônios por meio da molécula única retatrutida pode ter efeitos benéficos.
A combinação de ações, como a regulação dos níveis de glicose, a promoção da saciedade e o controle do apetite, pode auxiliar no gerenciamento do peso corporal e no tratamento da obesidade.
Fase final
O estudo avança agora para a fase 3, última antes de a farmacêutica pedir o registro aos órgãos reguladores.
“Esses dados da fase 2 nos deram confiança para explorar ainda mais o potencial da retatrutida em ensaios de fase 3 que irão além da redução de peso e se concentrarão no tratamento abrangente da obesidade e de suas complicações”, disse, em comunicado, o diretor científico e médico da Eli Lilly, Dan Skovronsky.
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