Para lidar com o luto, uma das etapas essenciais é buscar ajuda, seja de familiares, amigos ou profissionais. Fazer parte de grupos de apoio pode ajudar a aliviar a carga emocional do período e a reduzir, aos poucos, a dor. Nesse sentido, uma nova rede social foi lançada em julho para conectar pais que perderam seus filhos para o câncer e oferecer suporte psicológico.
Chamada Connect, a mídia social e healthtech foi lançada pela holding de comunicação Yellow e iniciou suas atividades no dia 13 de julho no Hospital de Amor Infantojuvenil, localizada em Barretos, no interior de São Paulo. Nessa primeira fase, a previsão é que a plataforma atenda 250 pais, com uma projeção de alcançar até 1,5 milhão de usuários até 2025.
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“A Connect permite não só a conversa entre os pais, mas também permite que palestras aconteçam dentro do canal, seções de arteterapia e também todas as conversas dentro do canal são monitoradas por médicos, permitindo que elas tenham um insight na saúde mental dos membros do canal também”, explica Bruno Giangrande, CEO da Yellow, à CNN.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 400 mil crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos são diagnosticados com câncer globalmente a cada ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que uma criança morre devido à doença a cada três minutos.
Como a rede social funciona?
Segundo Giangrande, qualquer grupo afetado pelo tratamento de câncer — como crianças passando por tratamento com crianças que já passaram, ou pais enlutados, ou até uma comunidade de médicos que procuram compartilhar novas descobertas — podem utilizar a rede social, desde que o hospital seja parceiro da Yellow.
As interações podem acontecer tanto entre pais, quanto entre pais e médicos. “A conversa entre os pais é monitorada por médicos, significando que eles podem monitorar os pais. Também existe a possibilidade de mandar mensagens privadas para ou um médico, ou outro pai”, explica.
Além disso, a rede social também promove eventos como palestras de psicólogos ou sessões de arteterapia, que permitem a interação com profissionais de saúde mental. “Dentro da equipe do hospital que monitora o canal, estão ambos médicos e psicólogos”, acrescenta o CEO.
Para alcançar a meta de atingir 1,5 milhão de pessoas, a equipe responsável pela Connect irá fazer mais parcerias com redes hospitalares de todo o Brasil.
“Vamos procurar fazer mais parcerias com redes hospitalares para proporcionar a conectividade de pessoas pelo Brasil inteiro. Hospitais com unidades em múltiplos lugares do país permitem que mais pessoas de diferentes regiões tenham acesso ao canal, criando uma comunidade pelo Brasil inteiro”, afirma Giangrande.
Importância da rede de apoio no luto
Segundo a psicóloga clínica, Larissa Fonseca, uma rede de apoio composta por pessoas que compartilharam experiências semelhantes, como na perda de um filho para o câncer, é fundamental para a saúde mental dos pais.
“Isso proporciona um espaço seguro para expressar emoções e compartilhar desafios únicos. Esse tipo de conexão gera empatia, compreensão mútua e pode ser um alicerce emocional, ajudando a diminuir o sentimento de isolamento e desamparo”, explica, à CNN.
No caso de pais cujos filhos estão em tratamento contra o câncer, a carga emocional pode ser ainda mais pesada, na visão da psicóloga. “O bem-estar mental dos pais pode ser profundamente afetado, com sentimentos de ansiedade, medo constante e exaustão profissional”, afirma.
“A preocupação constante com a saúde do filho, o impacto financeiro e a incerteza sobre o futuro podem gerar estresse crônico e, até mesmo, depressão, comprometendo a qualidade de vida e a capacidade de lidar com as demandas diárias”, acrescenta.
Nesse sentido, iniciativas como uma rede de apoio virtual pode ser útil no processo de acolhimento e elaboração do luto. “Isso oferece acesso contínuo a pessoas que compreendem a dor e os desafios enfrentados, independentemente da localização geográfica. Além disso, facilita o contato com profissionais da saúde, permitindo um suporte imediato e personalizado”, afirma Fonseca.
O suporte aos enlutados também deve incluir o acompanhamento psicológico especializado e terapias integrativas, segundo a psicóloga.
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Fonte: CNN