Quem gosta de ir a shows, baladas ou trabalha com algum ruído alto e constante já deve ter notado um zumbido no ouvido e a sensação de “som abafado” no final do dia. Essa é a chamada “perda auditiva induzida por ruído”, ou “Pair”. Apesar de ser algo transitório, que passa no dia seguinte, a condição pode levar a uma perda auditiva mais grave com o tempo.
O mecanismo por trás dessa perda de audição por ruído ainda não está totalmente esclarecido. Porém, um novo estudo, publicado na quarta-feira (14) na revista científica PNAS traz uma luz sobre o assunto.
Os pesquisadores descobriram que ruídos altos – comuns em shows, no trabalho constante com máquinas ou em explosões – podem afetar partes do ouvido em nível molecular, interrompendo a função auditiva e aumentando a quantidade de zinco na cóclea. Essa é uma cavidade em forma de espiral presente no ouvido que converte ondas sonoras em impulsos elétricos, interpretados pelo cérebro como frequências sonoras.
O zinco é um mineral que desempenha um papel importante no organismo, incluindo o fortalecimento do sistema imunológico e o combate aos radicais livres por seu poder antioxidante. No cérebro, um tipo de zinco chamado “zinco lábil” (que não se liga a proteínas) atua na neurotransmissão (comunicação entre neurônios) e no processamento sensorial.
Os cientistas realizaram testes em camundongos e descobriram que, quando os ratos foram expostos a ruídos altos, os níveis de zinco lábil nos roedores aumentaram. Consequentemente, a desregulação nos níveis desse tipo de zinco levou a danos e à degeneração das células cerebrais, causando perda auditiva.
A descoberta fez com que os pesquisadores chegassem também a uma possível forma de prevenir e curar a perda auditiva por ruídos. De acordo com o estudo, um medicamento quelante, capaz de absorver o excesso de zinco, poderia reduzir a perda da audição.
Segundo os autores do estudo, esse é o primeiro trabalho a identificar a desregulação do zinco no ouvido após exposição a ruídos altos e a mostrar que a perda auditiva pode ser reduzida pela administração de medicamentos que retêm o excesso de zinco lábil. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar as descobertas.
Fonte: CNN
