Falta de planejamento e conscientização são fatores que precisam melhorar no país, segundo Rodrigo Soravassi, especialista em Segurança no Trabalho
Dados divulgados neste ano pelo Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho mostram que um trabalhador morre a cada três horas no país, fato que coloca o Brasil na quarta posição mundial em mortalidade no trabalho, atrás apenas de China, Índia e Indonésia. O estado de São Paulo lidera o ranking nacional de acidentes, com mais de 2 milhões de registros nos últimos 10 anos.
Os números chamam atenção, já que o Brasil tem uma das legislações mais extensas sobre Segurança do Trabalho, com mais de 38 Normas Regulamentadoras. Rodrigo Soravassi, engenheiro de Segurança do Trabalho da Trabt, atribui esses altos índice à falta de conscientização tanto de empregadores quanto de empregados. “Ainda é comum vermos atividades em que o trabalhador está expondo risco seja por falta de informação, recursos, ambiente adequado ou pela pressa em executar as atividades”.
O especialista destaca que é importante tomar medidas eficazes para garantir a segurança de colaboradores. “Primeiramente, os empregadores necessitam compreender a importância de adotar as ações relativas à Saúde e Segurança no Trabalho (SST), bem como seus benefícios para os funcionários, para as próprias empresas e para seus clientes,” explicou. “Isso porque, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores não apenas reduz e previne acidentes, mas também aumenta a produtividade e diminui os custos”, afirma.
O primeiro passo, segundo o engenheiro, seria desenvolver Programas de Gestão como o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). “Neles estão previstos os riscos ocupacionais que os funcionários estão expostos, medidas de prevenção e controle, as ações a serem realizadas ao longo do ano, os treinamentos, os exames médicos e complementares”, acrescenta Rodrigo.
Outra prática fundamental é o Diálogo Diário de Segurança (DDS) ou o Diálogo Semanal de Segurança (DSS), que promovem a conscientização contínua dos trabalhadores sobre a segurança. O especialista explica que “essa ferramenta nada mais é que um momento no dia do trabalhador em que ele receberá informações valiosas sobre um tema específico e deve ter abertura para se expressar e compartilhar a sua visão da situação e contribuir para a gestão e manutenção das medidas de prevenção e controle”.
O uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) também é crucial. “Embora os EPIs sejam amplamente reconhecidos, seu uso inadequado é comum. Por isso, os treinamentos fazem total diferença na preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores. Quando o trabalhador não utiliza o EPI corretamente, ele não terá a proteção desejada e prevista para aquela situação,” conclui Rodrigo.