De acordo com um estudo realizado pela Northumbria University, no Reino Unido, foram detectados ‘meteoros’ na atmosfera do Sol; eles caem como as chuvas de estrelas cadentes que podem ser visualizadas na atmosfera da Terra. Os cientistas acreditam os novos dados podem auxiliar em um melhor entendimento sobre a atmosfera do Sol.
De acordo com o estudo aceito na revista científica Astronomy & Astrophysics e publicado na revista de pré-impressão ArXiv, os ‘meteoros’ são bolas de plasmas que emitem gás quente e caem na superfície do Sol numa velocidade de até 150 quilômetros por segundo. O evento foi registrado durante um fenômeno conhecido como chuva coronal, caracterizada pelas precipitações gigantescas de plasma, ou gás eletrificado, lançadas na atmosfera do Sol.
O estudo utilizou dados coletados pelo satélite de observação Solar Orbiter (SolO), da Agência Espacial Européia (ESA), e conseguiu identificar sinais de alta resolução destes aglomerados de plasma. Conforme o estudo descreve, as bolas de plasma tem até 250 quilômetros de diâmetro e caem diretamente na superfície da estrela. A pesquisa foi divulgada durante o Encontro Nacional de Astronomia da Royal Astronomical Society, no Reino Unido.
A imagem acima foi divulgada pelo satélite de observação SolO; as faixas de chuva coronal estão destacadas em vermelho.Fonte: Patrick Antolin/ESA/Solar Orbiter EUI/HRI
Segundo o físico solar da Northumbria University, Patrick Antolin, a chuva coronal obedece às mesmas leis da física das chuvas de meteoros na Terra. Ou seja, quando as bolas de plasma estão caindo na superfície do Sol, elas provocam um notável aumento na temperatura da atmosfera de até um milhão de graus Celsius. Estas regiões mais quentes podem permanecer em altas temperaturas por alguns minutos.
Meteoros na atmosfera do Sol
Um dos grandes diferenciais é que as bolas de plasma não passam pelo processo de vaporização, como acontece com os meteoros que caem na Terra. Ou seja, é possível que a maioria das bolas de plasma alcance a superfície solar de forma intacta, criando um flash e aumento de temperatura durante a queda.
O estudo também aponta que essas bolas viajam em loops do campo magnético do Sol, impedindo que o plasma crie uma cauda como um meteoro. De qualquer forma, os cientistas afirmam ser necessário continuar estudando o tema para uma conquistar uma melhor compreensão dos mistérios solares, porém, destacam que o estudo representa um grande passo para a física solar.
“O Solar Orbiter (SolO) orbita perto o suficiente do Sol para detectar fenômenos de pequena escala que ocorrem dentro da coroa, como o efeito da chuva coronal, permitindo-nos uma preciosa sonda indireta do ambiente coronal que é crucial para entender sua composição e termodinâmica”, disse Antolin.