OS “SES”
Dadas as gravações, cuja origem são dois ex-assessores do deputado, não havia outro caminho que não a investigação, que pode até ser positiva para Janones — do ponto de vista penal — ou empurrá-lo para o buraco. Se apenas fez um pedido para que houvesse a doação de dinheiro, não realizou a operação, o caso está encerrado. Em tendo havido, terá de se demonstrar que houve alguma forma de coação ou criação de um modelo de transferência de recursos que não passava por atos volitivos dos funcionários. De saída, não parece — ao menos não li em nenhum lugar — que os funcionários aos quais solicitou uma doação (ou parte do salário, a se apurar direito) fossem fantasmas.
A PGR pediu ainda autorização para tomar depoimentos e para ter acesso a documentos, como as pastas funcionais dos funcionários do gabinete no deputado, e-mails institucionais, credenciais de acesso à Câmara etc. É o rotineiro numa investigação.
É OU NÃO É O “MODELO FAMÍLIA BOLSONARO“?
A coisa toda tem seu lado irônico, é claro! Acionaram a PGR 46 deputados bolsonaristas distribuídos entre PL, Republicanos, PP, Novo, União Brasil e MDB. Assim, estamos aqui a falar dos discípulos do Capitão, o que implica que também são fieis ao Pai de Todos e à sua descendência, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o número um, e Carlos, o número dois. Com confissão de Fabrício Queirós e tudo, é incontroverso que tenha havido “rachadinha” no gabinete de Flávio ao tempo em que era deputado estadual. Segundo Queirós, o dinheiro era, digamos, “rachado” para a contratação de mais funcionários — só que informais, claro.
Façam a pesquisa vocês mesmos. Vejam aí: “Laudo comprova rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro, e MP apura de vereador se beneficiou”. Um tira-gosto para quem não sabe: o chefe de Gabinete do vereador desde 2018, Jorge Luiz Fernandes, recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo filho ‘zero dois” do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Errou, Reinaldo, você não falava sobre o Flávio?” Sim. Mas há também a acusação contra o Carlos.
E O JAIR?
Aí eu me lembrei desta reportagem publicada no UOL, intitulada “Ex-cunhada implica Jair”:
“Gravações inéditas apontam o envolvimento direto do presidente da República, Jair Bolsonaro, no esquema ilegal de entrega de salários de assessores na época em que ele exerceu seguidos mandatos de deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).