Durante as férias, procura pelas telas aumenta, desafiando os pais a buscarem alternativas mais educativas ao mesmo tempo que mantêm a rotina de trabalho
A chegada das férias escolares traz um desafio para os pais: conciliar a rotina do trabalho com as crianças em casa. Uma alternativa utilizada por muitos pais para entreter os pequenos neste período é o uso de telas.
Para Sheila Rodrigues Bueno, de 45 anos, empresária e mãe de dois filhos, as férias escolares mudam todo o itinerário da família, pois as crianças – Lívia Bueno, de 7 anos, e Murilo Bueno, de 11 anos – estudam em período integral e passam as férias em casa.
“Aqui nós acabamos dividindo os dias e as responsabilidades. Um dia eu fico com a Lívia e meu marido com o Murilo, e no outro trocamos. Sempre que começam as férias, precisamos adaptar toda a nossa rotina para estar com eles, e, por causa disso, sinto que o tempo de uso de telas deles aumenta quase 90%”, comenta a mãe.
E não é só na casa da Sheila que a tela se torna uma opção de distração das crianças. Uma pesquisa global realizada pela marca de brinquedos Matel revelou que 64% das crianças e adolescentes já consideram a produção de conteúdo para internet como uma fonte de diversão.
Por mais divertido que seja, o uso de telas, a longo prazo, faz com que algumas habilidades importantes deixem de ser estimuladas, de acordo com a mesma pesquisa. Afinal, o ato de brincar – ainda mais quando associado à socialização – auxilia na formação de autoconsciência e resiliência (necessárias para se adaptar a desafios dinâmicos), além de contribuir para o desenvolvimento de traços de caráter como liderança, empatia e gentileza.
Atualmente, 74% dos jovens e adultos de 18 a 34 anos, que cresceram em meio ao avanço tecnológico, com a inclusão de celulares e computadores na rotina, afirmam que é mais difícil se conectar com outras pessoas do que antigamente, segundo a mesma pesquisa.
Sheila observa essa mudança de comportamento nos filhos e tenta amenizar os impactos limitando o tempo de exposição às telas. “Eu acabo precisando tirar eles de casa para distraí-los e evitar o uso dos celulares. Levo à academia ou até mesmo à quadra do condomínio, pois lá eles conseguem brincar com outras crianças de idade parecida. O Murilo, por exemplo, é mais tímido, gosta muito de ficar em casa, mas pelo menos quando vai à quadra ele joga bola e já pratica uma atividade física, que considero fundamental”, conclui Sheila.
Mercado
Para auxiliar os pais a manterem as crianças ocupadas enquanto trabalham, o mercado de brinquedos e papelarias investe em novas opções de brinquedos educativos, jogos, itens de artesanato, entre outros.
Nivaldo Madureira, gerente de negócios da Papelaria e Livraria Pedagógica, em Sorocaba, conta que a criatividade e a atenção às tendências são importantes para apresentar novas alternativas às crianças. “Os livros de colorir e as canetinhas são um exemplo de tendência, mas, além deles, também buscamos diversas opções de jogos e livros.”
Durante o período do recesso escolar, comenta Madureira, é bastante comum encontrar pais e mães na loja à procura de atividades para entreter os filhos enquanto trabalham ou até mesmo para brincar juntos, quando conseguem conciliar as férias ou têm uma jornada flexível.
“Massinha de modelar, lápis de cor, livros de colorir e tinta para pintar estão entre as opções mais procuradas, mas depende muito do perfil e da idade da criança. Os pais estão sempre em busca de alternativas para que os filhos não fiquem somente no digital”.
Segundo ele, a sessão de livros também é bastante procurada pelos pais. “Livros de história, interativos, pedagógicos, pintura ou para melhoria da coordenação motora são sempre uma boa opção”, conclui.
Pesquisas:
https://assets.contentstack.io/v3/assets/bltc12136c3b9f23503/blt7eb966883a390e2f/Mattel-The-Shape-of-Play-Report.pdf