Zelensky tem popularidade alta, mas rejeição aumenta
Apesar do presidente ucraniano manter altos índices de aprovação no país, as pesquisas de opinião pública mostram que Volodymyr Zelensky sofre um acentuado aumento nas taxas de rejeição entre a população ucraniana.
“Se um ano atrás a desaprovação e desconfiança em relação a Zelensky era de 5-6%, hoje esse índice é de 22%, aumentou a impopularidade, isso é um ponto. Em segundo lugar, o nível de aprovação caiu de cerca de 90% para 70-75%, dependendo da pesquisa de opinião. Mas o índice de uma aprovação absoluta, ou seja, as pessoas que confiam plenamente no presidente, hoje está abaixo de 50%”, explica o cientista político Ruslan Bortnik.
De acordo com um estudo feito pelo Instituto de Política Ucraniano, o índice de confiança em Volodymyr Zelensky, se compararmos maio de 2022 e outubro de 2023, caiu de 74% para 39%. Já a confiança da população no parlamento do país caiu de 58% para 21% no mesmo período.
Paralelamente, a discussão em si sobre as eleições criou uma plataforma para adversários se movimentarem. Em particular, o ex-conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, Aleksey Arestovich, anunciou planos de concorrer à presidência e, em seu programa político, prometeu alcançar a paz com a Rússia.
Com duras críticas ao atual presidente, Arestovich chegou a declarar que o sistema governamental ucraniano atingiu o limite da sua competência e que a sua política interna, externa e militar estão “matando a Ucrânia”. Em seu programa político, o ex-membro do governo de Zelensky firmou que, sob sua liderança, Kiev irá se comprometer a não recapturar os territórios ocupados pela Rússia militarmente, mas buscará retomar as regiões apenas através de meios políticos.
Ao mesmo tempo, crescem os rumores na Ucrânia sobre um possível racha entre Zelensky e comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, também especulado como alguém que pode ameaçar o poder do atual presidente e se colocar como um candidato. As especulações surgiram depois que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, contestou publicamente declarações de Zaluzhny. Em particular, em entrevista ao The Economist, o comandante-chefe das Forças Armadas Ucranianas disse que a guerra com a Rússia “chegou a um beco sem saída” e que a ofensiva ucraniana corre o risco de dar lugar a uma guerra de trincheiras que poderia se arrastar por anos.
O cientista político Ruslan Bortnik afirma que os resultados de possíveis eleições serão determinados apenas pelo curso da guerra. “Se houver um congelamento condicional da guerra, o apoio ao campo da esquerda aumentará significativamente, favorecendo Arestovich, por exemplo. E, inversamente, o apoio ao setor militar e ao atual governo diminuirá. O curso da guerra determinará a arquitetura dos candidatos. Portanto, só poderemos determinar pelo menos algo quando a campanha eleitoral começar”, completa.
Rússia acusará ‘crise de legitimidade’ da Ucrânia
Ao comentar as movimentações na política interna da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou na última quinta-feira (08/11) que a Rússia está acompanhando a situação, mas ressaltou que é uma questão interna da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, ele destacou que para Moscou é importante que o regime de Kiev compreenda “que é absurdo falar de expectativas de vitória sobre a Rússia no campo de batalha”.
Para Ruslan Bortnik, a questão sobre as eleições ucranianas será usada em uma campanha informacional pela Rússia, que também tem eleições presidenciais marcadas para março de 2024. De acordo com ele, o paralelo com a Rússia cria uma crise de legitimidade para a Ucrânia.
“Do ponto de vista legal, de acordo com a letra da lei, na Ucrânia está tudo certo, não se pode realizar eleições agora, nem parlamentares nem presidenciais, mas do ponto de vista da legitimidade, acredito que após março do próximo ano, a Rússia buscará promover uma campanha informacional contra a Ucrânia no mundo, afirmando que a Ucrânia não possui órgãos de governo legítimos, que a autoridade do presidente da Ucrânia e do parlamento se esgotaram, e que a Ucrânia tem um regime autoritário que se recusa a realizar eleições, portanto teria um problema de legitimidade. Isso acontecerá sem dúvida nenhuma”, completa o analista.