A situação é ainda mais difícil do que em 2006. O Líbano é atingido por uma crise grave econômica que mergulhou 80% da população na pobreza e levou o Estado à falência.
Estou apavorada com a ideia de viver uma nova guerra, não sei se conseguiria aguentar. As ameaças de [Benjamin] Netanyahu de ‘devolver o Líbano à Idade da Pedra’ me assustam, preocupa-se Sandy, bancária, em referência às palavras do primeiro-ministro israelense.
Apesar do medo, a jovem não mudou seus hábitos. No fim de semana, programou um passeio com um grupo de amigos. A única mudança é o cancelamento de uma viagem que faria à Turquia, prevista para o início de novembro. “Tenho medo de ficar presa no exterior, se o aeroporto fechar”, diz ela.
A queda da cobertura de seguros contra riscos de guerra pela companhia aérea nacional, a Middle East Airline (MEA), levou à redução dos voos e a remarcação das partidas – o que preocupa os libaneses. “Para sair, os aviões estão lotados, mas nos trajetos de volta, tem apenas cerca de 30 pessoas, no máximo”, afirma um funcionário do Aeroporto Internacional de Beirute.
“As pessoas não estão economizando”, afirma Adib Nakhlé, gestor de uma agência de viagens. “Aqueles cuja presença no Líbano não é necessária e que têm uma base em outro lugar, ou um emprego no exterior, partiram. Por outro lado, muitas pessoas que planejavam tirar alguns dias de férias na Turquia, Grécia ou Chipre, cancelaram por medo de não poderem regressar”, salienta.
“Os libaneses estão perfeitamente conscientes dos perigos que o país enfrenta”, explica Hyam Zghendi, assistente social.