Documentário Hudi Fedegoso Rocha: No palco e fora dele, amizades para uma vida inteira

Nine

Guaraciaba Malhone, Edimeia Rocha e Iracema Cavalcante estão presentes no curta sobre Hudi Rocha, que tem direção de Guilherme Telli

Na história da arte, o circo-teatro se orgulha em ter artistas tão valiosos na velha guarda, que são como guardiões das tradições, mestres das artes circenses e que dedicaram suas vidas a manter viva a chama da criatividade e da excelência artística. No curta metragem “Hudi-Fedegoso-Rocha”, documentário que conta a história do ator e palhaço Hudi Rocha, não poderia faltar esta presença. Dele fizeram parte as atrizes Guaraciaba Malhone, Iracema Cavalcante e a Edimeia Rocha (viúva de Hudi) representando a velha guarda do Circo-Teatro Guaraciaba, companhia que contou com a presença do Hudi em seu elenco por décadas.

Os rostos marcados pelo tempo lembram as histórias vividas com o saudoso músico, ator e palhaço Fedegoso durante o auge do circo-teatro brasileiro. Momentos que iam além dos picadeiros com um Hudi Rocha engraçado, descontraído e que era apaixonado por fazer as pessoas rirem. São as memórias que o Guilherme Telli, diretor do curta, quer retratar na obra.

Guaraciaba cresceu no circo com sua família e tem uma vida de histórias com Hudi Rocha. “Ele deixou um grande legado para as futuras gerações. Primeiro foi um palhaço, depois um caipira, depois ator e cantor. Ele reunia todas as qualidades que um circo-teatro precisava. Tenho muito apego com o Hudi, ele entrou no circo Guaraciaba em 1964, nossa vida foi todinha dentro das lonas, então eu cresci junto com ele e, mesmo depois, de aposentados, morávamos pertinho um do outro.”

Edimeia conta que o marido nasceu para o circo e que mesmo depois de aposentado, buscava maneiras diferentes para fazer as pessoas rirem. “Ele não era de família de circo, mas ele sempre foi muito engraçado, acho que nasceu com isso. O primeiro personagem dele foi Preguinho, ele era muito pequenininho, nunca cresceu (risos). No final da vida dele, ele ia no bar só para ficar fazendo os amigos rirem, chegava feliz em casa para contar”.

Iracema lembra com emoção do seu parceiro de dupla. “O Fedegoso foi uma marca registrada, um símbolo dentro de Sorocaba, que deixou muita saudade. Ele merece toda as homenagens do mundo. Foi mais de meio século de convivência, eu conheci o Hudi e o Fedegoso, fizemos juntos a dupla Fedegoso e Fedegosa. Ele foi um amigo irmão”.

O circo que se reinventa para cada geração

O documentário sobre a vida e obra de Hudi vai ser um mergulho em um tempo onde o circo teatro levava a emoção de uma peça para as pessoas com menos recursos, quando os espetáculos aconteciam em picadeiros dentro dos bairros. “Ele nunca quis sair do circo, ele ficava magoado ao saber que o circo-teatro como era até então estava se acabando, não se conformava com as adequações nos palcos”, relembra Edimeia.

Para os artistas que cresceram sob a lona do circo, o picadeiro é mais do que um palco, é um momento de transformação, de dar vida para um personagem. Ao serem perguntadas se o circo um dia vai morrer, a resposta foi unanime: “Morrer? Ele não vai morrer! A gente comenta que ele se reinventa, é mais difícil de encontrar um circo-teatro, e, mesmo assim, o circo continua levando alegria, os palhaços continuam levando o riso, a festa. Assim como toda profissão, no circo, você precisa levar o que o povo quer e permanece assim até hoje”, afirma Guaraciaba Malhone, artista circense que, em 1946, foi homenageada pelo pai – o ator e palhaço Antonio Malhone – no momento em que ele dava seu nome para o circo que acabara de fundar, o Guaraciaba.

Grandes momentos de Fedegoso que marcaram o coração de Hudi

Uma das grandes emoções do artista foi quando cantou no Teatro Municipal de São Paulo. “Aquele povo levantar para aplaudi-lo foi emocionante”, recorda Guaraciaba. “Como ele ficou feliz com aquele momento, ele lembrava toda vez que tinha uma oportunidade, aquilo marcou a vida dele”, complementa Edimeia.

O amor do artista pela arte de fazer rir está registrada também no cinema, no filme “O Palhaço”, de 2011, dirigido e interpretado por Selton Mello, que nunca escondeu que o Palhaço Fedegoso havia sido uma das inspirações. “O filme O Palhaço foi uma marca para o Hudi, que se sentiu muito valorizado e feliz em poder ajudar na filmagem, contando sobre a rotina e o amor dele pelo circo. Ele morreu falando sobre isso”, comenta Iracema.

O curta-metragem “Hudi-Fedegoso-Rocha” é um projeto contemplado pelo Edital 2023, do Fundo Municipal de Cultura de Votorantim. O documentário é produzido e dirigido por Guilherme Telli, com previsão de estreia para o mês de maio. As datas de exibição serão acordadas com a Secretaria de Cultura de Votorantim.

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