“Aparência perfeita“ via IA pode causar transtornos psicológicos, dizem médicos

Nine

O avanço no uso da Inteligência Artificial (IA), facilmente capaz de produzir customizações físicas e eliminar imperfeições, caiu de vez no gosto de uma população cada vez mais obcecada pela própria aparência.

Recentemente, a onda da “imagem perfeita” pegou inclusive famosos que, para descobrirem como seus filhos se parecerão no futuro, fizeram uso da tecnologia e compartilharam os resultados.

Mas será que uma simples brincadeira de futurologia com a IA poderia se tornar algo mais sério e causar transtornos de saúde em seus usuários? A resposta é sim! Quem faz o alerta é o cirurgião plástico Regis Milani, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que explica o chamado “Transtorno Dismórfico Corporal”.

Obsessão pela aparência

Segundo o cirurgião, a doença psicológica é caracterizada pela preocupação excessiva com a aparência, quando pessoas dão importância exagerada a defeitos que podem ser imperceptíveis para outras pessoas. Inclusive, o médico reforça que as redes sociais podem ser um gatilho que desencadeie a condição.

“Nas redes, as pessoas têm acesso a imagens que reforçam padrões que, em muitos casos, não correspondem ao seu biótipo físico e se frustram por não seguirem determinados estereótipos. Estudos demonstram que pessoas com as seguintes características são mais suscetíveis a doença: ansiosas, perfeccionistas, tristes, inseguras, com baixa autoestima, com tendência a solidão, introspectivas e obsessivas”.

Milani ainda relata que as pessoas que possuem o transtorno acabam buscando conforto visual na cirurgia plástica, dermatologia e odontologia. No entanto, a prática pode se tornar uma obsessão perigosa.

“A tendência é que a pessoa fique cada vez mais preocupada e insatisfeita com suas ‘imperfeições’ e queira realizar uma cirurgia após a outra e, devido à tristeza, acabe prejudicando o seu desempenho no trabalho ou estudos”, alerta.

O especialista também informa que a melhor forma de evitar o distúrbio é aceitar-se e respeitar o próprio corpo, bem como não se deixar levar pelos padrões encontrados nas redes sociais, que talvez não correspondam ao seu biótipo físico. “É preciso ressaltar a beleza natural das pessoas e da diversidade, tendo em mente que a perfeição é uma ideia muito difícil de ser alcançada”, finaliza.

Veja algumas imagens criadas por IA

A busca pela aparência perfeita também pode levar a outros transtornos de imagem e alimentares, como anorexia nervosa, por exemplo. O alerta é da psicanalista e docente no curso Psicanálise e Pós-Graduação do Núcleo Brasileiro de Pesquisas Psicanalíticas, Elizandra Souza.

De acordo com a especialista, buscar ajuda profissional é essencial para alguém que esteja lidando com as questões mencionadas, pois somente um tratamento focado pode devolver a qualidade de vida ao paciente.

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