Sargaço é o nome dado a uma espécie de alga de cor amarronzada que existe pelo menos desde os tempos de Cristóvão Colombo. Até pouco tempo, ela se concentrava em uma região de águas quentes do Atlântico Norte que ficou conhecido como “Mar dos Sargaços”.
Mas desde 2011 grandes quantidades dessa alga estão invadindo as praias do estado mexicano de Quintana Roo, que abriga Cancún e os mais de cem quilômetros da Riviera Maya, além de alguns destinos do Caribe, como a República Dominicana, Porto Rico, Martinica, Anguilla, Barbados e St. Martin.
A situação chegou em níveis recordes em 2025. Esse ano, quase 38 milhões de toneladas métricas de sargaço foram observadas no Caribe, de acordo com um relatório divulgado em maio pela Universidade do Sul da Flórida.
Essa é a maior quantidade desde que os cientistas começaram a estudar o que chamam de “Grande Cinturão de Sargaço do Atlântico”, em 2011. Para efeito de comparação, o último recorde tinha sido em 2022, quando foram registrados 22 milhões de toneladas métricas de sargaço.
A tendência é que a quantidade de sargaço comece a diminuir a partir de outubro e novembro.

Como o sargaço pode atrapalhar a viagem?
O sargaço forma um tapete marrom nas areias brancas e deixa com cor de café as águas antes cristalinas. Mas o incômodo não é somente visual: as algas soltam um cheiro de ovo podre que pode causar dor de cabeça e irritação nos olhos, além de acabarem retendo pulgas do mar cujas picadas causam alergias em peles mais sensíveis. Há ainda os danos ambientais. O sargaço até pode ser benéfico em mar aberto, servindo de alimento para peixes e tartarugas. Mas ao chegar na costa, a alga impede que o sol chegue aos corais, que dependem da luz para crescer, e mata peixes e caranguejos ao soltar sulfeto de hidrogênio e amônia durante a decomposição.
O que é feito em relação ao sargaço?
Em 2019, as autoridades mexicanas chegaram a declarar estado de emergência e descreveram o sargaço como um “desastre nacional iminente”, tanto pelos efeitos ambientais quanto pelos econômicos: Cancún e Riviera Maya recebem 40% dos turistas no México. Naquele ano, o país chegou a gastar US$ 30 milhões em esforços de limpar as praias e conter as algas, seja utilizando barcos de coleta ou colocando barreiras marítimas. Atualmente, é comum que os hotéis tenham funcionários responsáveis por recolher as algas acumuladas nas praias pela manhã e ao longo do dia, se for necessário. Algumas instituições públicas e organizações voluntárias, como Caribbean Up e Blue Defenders, também fazem isso em praias.
O que causa a invasão do sargaço?
Os cientistas ainda não compreendem totalmente as origens do fenômeno. Uma das causas pode ser, justamente, o Brasil. Houve um aumento de despejo de resíduos agrícolas, como fertilizantes, no Rio Amazonas, que ao desembocarem no mar pode estar servindo de “adubo” para o sargaço. Existe ainda uma possível relação com o aquecimento da água: as algas geralmente cobrem as praias do leste mexicano entre abril e agosto, justamente os meses mais quentes no Hemisfério Norte.
Como acompanhar a situação do sargaço?
Isso não significa que você deva evitar por completo o período de abril a agosto. O aparecimento do sargaço nas praias é altamente imprevisível, já que ele se move conforme os ventos e as marés.
Para quem viaja ao México, vale checar o Facebook da Rede de Monitoramento do Sargaço de Quintana Roo, que publica um mapa classificando como está a situação do sargaço nas 100 principais praias da região, entre “excessivo”, “abundante”, “moderado”, “muito baixo” e “sem sargaço”. No passado, as atualizações costumavam ser quase diárias, mas ultimamente os relatórios estão cada vez mais espaçados.

Não se desespere caso a praia do seu hotel, por exemplo, esteja em alerta vermelho: é comum o status mudar em questão de dias. O jeito é torcer. Nesse sentido, o mapa pode ser mais útil quando você já estiver em Cancún ou na Riviera Maya, como uma forma de planejar os seus passeios naquele dia ou naquela semana.
O governo da República Dominicana conta com um recurso parecido: no site da Autoridad Nacional de Asuntos Maritimos, são publicados prognósticos semanais da movimentação do sargaço na ilha.
Fonte: viagemeturismo.abril.com.br