A incidência do câncer colorretal vem crescendo em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa é a segunda causa de mortes relacionadas ao câncer globalmente, com quase 2 milhões de novos casos por ano. No “CNN Sinais Vitais – Dr. Roberto Kalil” deste sábado (31), especialistas falaram sobre fatores de risco, novos tratamentos e como prevenir a doença.
No programa, Dr. Roberto Kalil recebe a oncologista clínica Fernanda Capareli, do Hospital Sírio-Libanês, que fala sobre como o estilo de vida pode impactar no risco de desenvolver câncer colorretal.
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“A nossa população tem tido uma incidência de obesidade cada vez maior, sedentarismo, alimentos ultraprocessados, menos consumo de fibras, verduras… Isso acaba interferindo não só no risco cardiovascular, que é algo que é dito há muito tempo, mas também aumenta a incidência de alguns tumores, entre ele os tumores colorretais”, afirma a especialista.
“A alimentação — comida ultraprocessada, carne vermelha — muda a flora intestinal, que é o que a gente chama de microbiota intestinal, leva a um desbalanço da flora intestinal, propiciando que essas bactérias causem um ambiente mais inflamatório”, acrescenta.
Além de Capareli, Kalil recebe também Raul Cutait, cirurgião do Hospital Sírio-Libanês, que ressalta o avanço nos tratamentos da doença. “Uma coisa que evoluiu muito nos últimos anos é o tratamento das metástases. Até uns 20 anos atrás, quem tinha metástase no fígado, no pulmão, a chance de cura era pequena. Hoje, você consegue prolongar a sobrevida e, muitas vezes, inclusive, curar através de cirurgias das metástases”, afirma.
No papo, os especialistas discutem sobre o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer, que pode estar disponível até 2030 para pacientes com reincidência da doença. “Diferente das vacinas que a gente tem para doença infecciosa, vacina para câncer, que é uma doença muito mais complexa, a gente tem que pegar uma partícula do tumor do indivíduo, desenvolver uma vacina para ele, para o sistema imunológico dele criar anticorpos e conseguir ser vigilante para eventual célula que venha a recair no organismo”, explica Capareli.
Diagnóstico precoce é fundamental para combater câncer colorretal
Os especialistas explicam que o câncer colorretal é uma doença de crescimento lento. “Entre formar um pólipo, que é uma lesão benigna – porém com alta chance de transformação – e diagnosticar um tumor invasivo instalado, esse tempo gira em torno de cinco a dez anos. Então, dá muito tempo de fazer diagnóstico precoce”, diz Capareli.
Uma das principais formas de detectar precocemente o tumor é a colonoscopia, um exame que avalia o intestino grosso e a parte final do intestino delgado. Em pessoas sem sintomas intestinais, ele é indicado para o rastreamento do câncer colorretal a partir dos 45 anos, indicado a repetição do exame a cada 10 anos.
Em pessoas que têm histórico familiar da doença, a recomendação é que o exame comece a ser feito dez anos antes da idade em que o familiar foi diagnosticado com a doença. Porém, ambos os especialistas alertam: exames de sangue, que podem detectar marcadores tumorais, não podem ser usados para diagnóstico.
Segundo Cutait, um dos mais importantes marcadores tumorais é o CEA (antígeno carcinoembrionário), que apresenta taxas mais elevadas no sangue em caso de presença de tumor. “Ele normalmente se eleva, mas um dado fundamental é que nem sempre ele se eleva. Quando isso acontece, em termos de prognóstico e de procurar a doença metastática, ele tem a sua importância”, explica.
Prevenção primária
Estar alerta aos fatores de risco é parte do que os médicos chamam de prevenção primária. Entre as medidas estão evitar obesidade e sedentarismo e ter uma alimentação saudável. Além disso, é importante conhecer o histórico familiar.
Pacientes com um parente de primeiro grau, que já teve a doença, têm uma chance até duas vezes maior de desenvolver tumores também. “Isso inclusive vai interferir na idade de início do rastreio, da colonoscopia”, alerta Capareli.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 31 de agosto, às 19h30, na CNN Brasil.
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Fonte: CNN